Iaiá Garcia:

 

“Contava onze anos e chamava-se Lina. O nome doméstico era Iaiá. No colégio, com as outras meninas lhe chamassem assim, e se houvesse mais de uma com igual nome, acrescentavam-lhe o apelido de família. Esta era Iaiá Garcia. Era alta, delgada, travessa; possuía os movimentos súbitos e incoerentes de andorinha. A boca desabrochava facilmente em riso, – um riso que ainda não toldavam as dissimulações da vida, nem ensurdeciam as ironias de outra idade”.  ASSIS, Machado. Iaiá Garcia. Página 76.

Tudo menos amor

setembro 30, 2011

 

 

 

A mulata Neusa tinha curvas que pareciam ter sido desenhadas pelo caricaturista Lan. Além de sestrosa, vivia brigando com seu marido, Osmar Negão. O desencanto com o casamento a levava a se interessar por Monarco e persegui-lo pelas feiras da cidade.  Muito amigo de Osmar e desiludido com sua última “proposta amorosa”, Monarco queria distância desse rabo de foguete. Um dia, quando voltava da feira para sua casa (na época, em Nilópolis, na Baixada Fluminense), veio a primeira parte do samba “Tudo menos amor”. A segunda foi concluída pelo compositor Walter Rosa. A música foi gravada por Selma Reis, mas não aconteceu.

Anos depois, acompanhado pelo mesmo Walter, Martinho da Vila foi levado à Portela e teve seu nome anunciado, pela primeira vez, no microfone de uma importante escola de samba. Uma honra para o jovem compositor. À época, ele não era conhecido como Martinho, mas Martins; também não era de Vila Isabel, e sim da escola Aprendizes da Boca do Mato. Era o Martins da Boca do Mato. Em 1973, quando Martinho (já da Vila) estava selecionando o repertório para um novo disco, lembrou da música cantada por Walter Rosa no primeiro dia em que foi à Portela.  Decidiu gravá-la, mas ela permaneceu meio esquecida. Aí vem a obra do acaso ou, para alguns, a mão divina. Quando Martinho da Vila se apresentou no Programa Flávio Cavalcanti (na TV Tupi), de grande audiência, o apresentador inesperadamente pediu “Tudo menos amor”. Sucesso total. Depois de alavancada na TV, ela passou a ser tocada de dez a vinte vezes por dia nas rádios. Acabou sendo o cartão de visitas de Monarco para o grande público. A vida de Monarco começaria a mudar a partir de “Tudo menos amor”.